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Por que muitas mulheres estão cansadas de cuidar dos homens

  • lucianeangelo
  • 5 de ago.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de ago.

Cuidar, ouvir, acolher, entender… por trás da harmonia dos relacionamentos, muitas mulheres estão exaustas de carregar sozinhas o peso emocional da conexão.

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Nos últimos anos, cresceu o reconhecimento sobre o trabalho emocional não remunerado que muitas mulheres fazem dentro dos relacionamentos, sobretudo heterossexuais, para decifrar, apoiar e manter o equilíbrio emocional de seus parceiros. Esse cuidado constante já recebeu nomes como “mental load”, “mankeeping” e, mais recentemente, “hermeneutic labor”. O jornal The New York Times escreveu um artigo recentemente sobre o peso invisível desse cuidado emocional, que vale uma reflexão sobre os relacionamentos e como as mulheres são tratadas dentro deles.


Mas o que são esses termos? O conceito de hermeneutic labor nasceu da observação de que muitas mulheres dedicam uma quantidade significativa de tempo e energia para interpretar mensagens ambíguas, entender silêncios, preparar respostas emocionais ou escolher o momento certo para abordar certos temas com seus parceiros. São etapas que vão além do apoio, são tentativas constantes de leitura emocional de outro que não se expressa diretamente.


Esse trabalho emocional não está restrito ao íntimo: estudos apontam que mulheres assumem até 2,6 vezes mais trabalho doméstico e emocional que homens, acumulando tarefas não reconhecidas e exaustivas. A prática de mankeeping, ou “manutenção emocional do homem”, agrava o quadro, ao oferecer suporte emocional contínuo a parceiros que frequentemente não retribuem. Essa expectativa, socialmente construída, reforça a ideia de que cuidar é função feminina.


Mesmo quando homens e mulheres gastam tempo similar pensando em assuntos familiares ou pessoais, as mulheres tendem a sofrer mais com isso: estresse, ansiedade e sensação de sobrecarga emocional são consequências frequentes para quem carrega esse trabalho silencioso. Em casamentos ou relações de longa data, essa dinâmica reforça hierarquias de gênero a noção de que mulheres devem assumir o papel de cuidadoras emocionais, enquanto os homens se mantêm como provedores.


Mulheres que desempenham esse tipo de trabalho emocional muitas vezes fazem por pressões culturais e sociais, sem reconhecimento ou remuneração, o que interfere em suas vidas profissionais e pessoais. Ao serem vistas como “responsáveis” por manter a harmonia no relacionamento, na família e até no ambiente de trabalho, acabam sacrificando seu próprio progresso e bem-estar.


Como começar a reverter isso?

1.Reconhecer o desequilíbrio é o primeiro passo para questionar padrões sociais internalizados. 2.Comunicação clara e limites ajudam a distribuir o trabalho emocional entre os parceiros de forma mais saudável. Terapias de casal muitas vezes sugerem o uso de enunciados como “eu sinto” para encorajar expressividade e reciprocidade emocional. 3.Incentivar a independência emocional masculina, criando espaços onde os homens possam desenvolver autoconsciência e autocuidado, alivia o peso que muitas mulheres carregam sozinhas.


*Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.


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