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Geração Z e a recessão sexual

  • lucianeangelo
  • 23 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 31 de jul.

Apesar de viverem hiperconectados, os jovens da geração Z estão fazendo menos sexo do que nunca e as redes sociais podem ser as grandes vilãs por trás desse paradoxo moderno.

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Você já ouviu falar na “recessão sexual”? Dados de pesquisas recentes mostram que os jovens da geração Z, aqueles nascidos entre meados dos anos 1990 e o início dos 2010, estão fazendo menos sexo do que as gerações anteriores. E, curiosamente, isso está acontecendo em um momento em que nunca estivemos tão conectados.

A explicação para esse paradoxo passa, inevitavelmente, pelas mídias sociais. Instagram, TikTok, Twitter (ou X), e uma avalanche de aplicativos de namoro criaram uma ilusão de proximidade permanente. A qualquer momento, podemos ver rostos bonitos, corpos esculpidos, vidas perfeitas. Só que essa abundância visual tem um efeito colateral cruel: o excesso de comparação.

Quando tudo parece mais interessante na tela do que na vida real, a busca por conexões reais perde força. Quem vai querer se arriscar a sair com alguém “normal” quando o feed está repleto de influenciadores, filtros e ilusões cuidadosamente construídas?

O medo do toque e da vulnerabilidade Outro fator é o medo do contato real. A geração Z cresceu em um mundo onde o toque físico foi substituído por emojis, e a conversa profunda por mensagens de voz de 30 segundos. O sexo, que exige entrega, vulnerabilidade e imperfeição, passa a parecer arriscado demais. Melhor manter o controle da narrativa através da tela, onde é possível apagar, refazer e filtrar.

Além disso, muitos jovens relatam ansiedade social, medo de rejeição e até aversão à intimidade. O sexo deixa de ser algo espontâneo e prazeroso e passa a ser encarado como mais uma performance, uma vez que, sem likes, pode gerar frustração.

O papel dos aplicativos de namoro

Os aplicativos, que deveriam aproximar, também estão contribuindo para essa distância. O chamado “paradoxo da escolha” é real: com tantas opções disponíveis, fica mais difícil escolher. E mesmo quando há encontros, eles tendem a ser mais efêmeros, mecânicos ou baseados em expectativas irreais. Para muitos jovens, o sexo virou um algoritmo: se der match, talvez role algo; se não, volta pro cardápio. O resultado é uma sensação crescente de vazio e desilusão.

O que podemos aprender (e mudar)

A recessão sexual da geração Z não é apenas sobre sexo. É um sintoma de algo maior: a dificuldade de se conectar de forma autêntica em um mundo digitalizado. É um convite a refletirmos sobre como estamos nos relacionando com os outros e com nós mesmos.

Talvez a resposta esteja menos nos aplicativos e mais nas conversas olho no olho, na imperfeição dos encontros reais, nos silêncios compartilhados e nos toques que não podem ser dados por uma tela.

A geração Z ainda está descobrindo o que significa amar, desejar e se entregar em tempos digitais. Mas uma coisa é certa: nenhuma tecnologia substitui a profundidade de um vínculo humano verdadeiro.


*Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.


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