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Por que o Dia do Orgulho Lésbico é necessário




Muitos questionam a importância das datas comemorativas que envolvem as minorias, infelizmente esse debate ainda existe. Bom, enquanto houver essa discussão, estamos aqui para explicar por que é necessário colocar luz a temas e grupos tão discriminados pela sociedade.

Para se entender a importância do Dia do Orgulho Lésbico, vou recorrer à sua história. O dia 19 de agosto foi a data foi escolhida em memória à primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil, ocorrida em 1983, em São Paulo, no que ficou conhecido como o "Stonewall brasileiro". Naquela noite, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro's Bar para protestar contra os abusos e preconceitos que vivenciavam no local. O bar era um ponto de encontro na noite paulistana, onde ativistas LGBTs e artistas podiam fazer suas performances e vender seu trabalho. Porém, um mês antes, os donos do estabelecimento haviam vetado a distribuição do boletim "ChanacomChana", primeira publicação ativista lésbica do Brasil, e expulsaram as autoras do local. Na noite da manifestação, integrantes do Galf conseguiram entrar no bar e obter a promessa dos donos de que não seriam mais impedidas de distribuir a revista ali. A data é conhecida como o "Stonewall brasileiro", em referência à histórica manifestação de gays, lésbicas e travestis contra a repressão policial em Nova York, em 28 de junho de 1969, que posteriormente daria origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT. Mesmo com esse feito, ao longo dos anos, as mulheres lésbicas conseguiram pouco espaço na sociedade. O apagamento lésbico é algo ainda muito forte. A discriminação sofrida pode ser vista de diversas formas, desde o não reconhecimento das relações afetivas entre mulheres, passando pela hipersexualização dos corpos lésbicos, a negligência na área de saúde, o estupro corretivo e o lesbocídio. O Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, primeiro relatório nacional sobre o tema, realizado por pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e lançado em 2018, apontou que 49 mulheres foram vítimas desse tipo de violência no país. Por isso, devemos continuar falando das minorias e seus lugares na sociedade. Somente assim, apagamentos e preconceitos serão colocados em discussão. Informação e conhecimento são a base para a sociedade começar a olhar para os gêneros e as orientações sexuais de uma forma mais justa e acolhedora. Vamos falar sobre o Dia do Orgulho Lésbico, sim!


Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.

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