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Síndrome de Simon: Amor com Prazo de Validade

  • lucianeangelo
  • 18 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de jun.

Quando o medo de compromisso veste a fantasia do amor ideal, nasce a Síndrome de Simon, uma epidemia afetiva dos tempos modernos.

Você já deve ter esbarrado com um Simon por aí. Bonito ou não, ele é carismático, inteligente, atencioso na medida certa e parece entender de afeto como quem leu todos os livros certos. Ele chega com calma, fala de sentimentos, olha nos olhos e não foge quando você menciona a palavra "relacionamento". Ao contrário, ele te convida a mergulhar com ele. O problema é que Simon não mergulha, ele boia.


A tal Síndrome de Simon vem ganhando nome e fama na psicologia popular. O nome Simon, aliás, é um acrônimo em inglês para Single, Immature, Materialistic, Obsessed with Success, Narcissistic, ou seja, solteiro, imaturo, materialista, obcecado por sucesso e narcisista. É o retrato de um tipo afetivo bastante atual: alguém preso à própria idealização do amor e, ao mesmo tempo, incapaz de sustentar o que é real.


Inspirada no personagem do livro Modern Romance, de Aziz Ansari, e alimentada pela cultura das infinitas opções, a síndrome descreve aquele tipo, cada vez mais comum, que entra em relacionamentos com entusiasmo, mas pula fora quando percebe que o outro é… humano. Não por maldade, mas por uma ilusão: a de que sempre existe alguém "mais certo" esperando logo depois do próximo match.


Simon não quer machucar. Ele até sofre quando se despede. Mas sua bússola emocional está descalibrada por um mundo que promete amores perfeitos na próxima esquina digital. Ele começa relações com fome, mas perde o apetite quando vê que o prato principal também tem falhas, inseguranças e dias ruins.


A Síndrome de Simon não é exclusiva dos homens, ela veste quem não aprendeu a sustentar a complexidade do afeto real. Pessoas que confundem desejo com destino, química com compatibilidade, encanto com compromisso. E, no fundo, não é que Simon não queira amar. Ele quer. Mas quer o amor do início, o dos filmes, o das primeiras semanas. O amor que nunca tropeça.


É aí que a crônica se repete: Simon encontra alguém, se encanta, mergulha até a água esquentar demais. Depois, sai sem entender o que aconteceu. E deixa para trás quem ficou achando que tinha encontrado, enfim, algo de verdade.


Mas o amor de verdade, Simon, começa mesmo depois da mágica. É no desalinho dos dias, nas conversas difíceis, nas escolhas de ficar. É preciso coragem para amar com os dois pés no chão e uma boa dose de humildade para aceitar que não existe "o par perfeito", apenas dois imperfeitos dispostos a tentar.


Enquanto isso, os Simons seguem por aí, colecionando histórias pela metade. Até, quem sabe um dia, entenderem que amar é, sobretudo, insistir.


*Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.


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